09 novembro 2022

Tokenização no Futebol

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O termo “token” tem sido visto com cada vez mais frequência, inclusive no contexto do futebol. De acordo com a IOSCO (International Organizations of Securities Commissions), a “tokenização” consiste no processo de representar, digitalmente, um ativo ou a propriedade de um ativo. Conforme a taxonomia adotada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em seu Parecer de Orientação nº 40, os #tokens podem ser categorizados em: (i) payment tokens, que buscam replicar as funções de moeda, notadamente de unidade de conta, meio de troca e reserva de valor; (ii) utility tokens, utilizados para adquirir ou acessar determinados produtos ou serviços; e (iii) asset-backed tokens, utilizados para representar um ou mais ativos, tangíveis ou intangíveis.

Dentro da categoria de utility tokens, existem os chamados fan tokens, geralmente vinculados a times de futebol. Através dos fan tokens, seus titulares podem ter acesso a produtos e serviços exclusivos, como a possibilidade de participar em votações do clube de futebol de que se é fã, de concorrer a prêmios e de influenciar no design de uniformes. Na prática, os fan tokens assemelham-se a programas de sócio torcedor, mas contam com tecnologia #blockchain.

Diferentemente das criptomoedas como Bitcoin e Ethereum, que são utilizadas, sobretudo, como meio de troca e reserva de valor, os fan tokens são comercializados para gerar engajamento da base de torcedores, bem como financiar os clubes de futebol. Embora os fan tokens possam sofrer valorização ou desvalorização, seu propósito maior não é o de investimento por parte do titular, mas sim de influência sobre questões particulares aos clubes.

Uma outra modalidade interessante de tokens do mundo futebolístico consiste nos tokens baseados em mecanismos de solidariedade da FIFA. Os referidos mecanismos repassam aos clubes formadores da base do atleta uma porcentagem dos valores obtidos com a sua venda a outros times. Nesse contexto, os tokens relacionam-se a um grupo de atletas de determinado clube de futebol e beneficiam os respectivos titulares quando tais jogadores são transferidos. Em outras palavras, é como se o investidor tivero obtido com as negociações das respectivas transferências.

Um exemplo de token nesse formato é o “Token da Vila”, vinculado a 12 jogadores formados pela base do Santos Futebol Clube, dentre eles, Kaio Jorge (Juventus), Gabigol (Flamengo) e Neymar (Paris Saint-German).

Do mesmo jeito que a paixão pelo futebol pôde ser conciliada à tecnologia blockchain, é necessário que os comercializadores desses novos produtos sigam as regras de diligência a eles aplicáveis, inclusive em matéria de prevenção à lavagem de dinheiro, ao financiamento do terrorismo e da proliferação de armas de destruição em massas (PLD/FTP), garantido fair play dentro e fora dos campos.